sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Paraná Clube comedor

A cada dois anos a gente mergulha em um lago turvo habitado por criaturas desconhecidas e peçonhentas. Dá até calafrio só de imaginar 90% do meu belo corpo (começou a palhaçada), imerso em águas assustadoras, e exposto aos infinitos mistérios guardados pelo breu e o silêncio das profundezas. Esse período que os alienistas, as cabeças pensantes que querem lavar seu cérebro, chamam de “festa da democracia”, não passa de uma mera eleição. Você pode até se emputecer com o meu, digamos, desdém, e o comportamento antipatriótico, mas na verdade não vejo o porquê de tentar poetizar, com palavras doces donas de um nacionalismo barato, a simples ida às urnas. É um sermão perpetuado pela inércia do brasileiro que, por sinal, é tão corrupto quanto à maioria dos políticos.
Digna de teatro e cinemas, a atuação de nossos governantes e pleiteantes aos Poderes é capaz de abrir um novo gênero nos palcos e na sétima arte. Talvez um misto de comédia, com drama e até um pornôzinho pudessem compor essa putaria que chamo de estilo. Dizem que a política é a arte de liderar pessoas e, para isso, tem caboco que penhora a própria mãe, o caráter e a personalidade. Prova disso é a morte de um político, xiii. São chuvas de homenagens da mídia, povão sofrido chorando na maior cara de pau e até o inimigo número um do defunto aparece com cara abatida e óculos Dolce & Gabbana, dizendo: “o Brasil hoje perde um grande líder”, mas lá dentro, onde bate o coração, explodem os foguetes pela limpeza de um caminho aberto à foice. É menos um na corrida pelos cargos públicos.

No futebol não é diferente. Veja só, o treinador do nosso Paraná Clube, o Marcelo Oliveira, é tão diplomático, polido e político, que acaba dando raiva, passa por mentiroso. O professor parece estar em campanha e o Irapitan Costa, da Transamérica, vira mediador de debates. Claro, pois após jogos medíocres realizados pelo nosso bando de 11, o mineirinho vem dizer que a equipe tem qualidade e que pecamos em falhas bobas. É o Blá blá blá de sempre. Será que não tem um cavalo puro sangue que relinche e diga que esse time é ruim? Jargão por jargão eu também tenho os meus e mando: o torcedor não é bobo não. Pior, no meio dessa situação sempre aparece um para falar: “ta tudo corrompido mesmo, o Paraná Clube, assim como o Brasil, não tem mais jeito”. Opa, segura a onda! Não é bem assim.

Conformismo nunca combinou com resistência. A atitude de homens e mulheres, guerreiros valentes, sempre deu trabalho às trapalhadas governamentais. Basta ir às ruas, batucar panelas e rugir mais alto que o leão do imposto de renda. Nós, paranistas, sofredores e donos da mais linda história de amor, que nem Shakespeare seria capaz de relatar, temos que tomar o trono. Separar o joio do trigo, selecionar os bons nomes entre uma avalanche de oportunistas tipo o Tiririca, o Ronaldo Ésper e o Maguila. O contexto é curioso, tudo tão diferente e ao mesmo tempo tão parecido. Enquanto o Governo Federal vai viabilizar a conclusão do maior Pet Shop do país, nossos dirigentes estão à míngua, já cansados e com seus discursos engatados em marcha ré. Passou da hora do início de um ousado e, sobretudo viável, projeto de agigantamento.

O sono de beleza das excelências tricolores já saturou. As pequenas mobilizações e o ativismo, ainda que voluntário, é o primeiro passo para um Paranazão Clube do futuro. Sem demagogia política e sem vaidades pessoais, com muito amor, com o coração vermelho, azul e branco. É colocar pilha no relógio que parou no tempo e correr atrás da máquina. Na era de urnas eletrônicas a turma da Vila ainda escreve em cédulas. Nosso plano de governo, o meu e o seu, da Resistência Popular Paranista, tem o selo de qualidade. Tem ministro para o financeiro, futebol, marketing e, inclusive, um presidente! Na boa, sem oposição. Por sermos uma grande família é que juntos construiremos sonho a sonho, ajudando um ao outro. Para retomar o rumo das glórias a gralha nem precisa comprar votos, sua nação é fiel escudeira.

A campanha já começou com nossas bandeiras, santinhos em álbuns de figurinhas, grandes comícios na Vila Capanema e o jingle mais lindo do mundo: “meu Paraná, meu tricolor, eu sou a camisa 12 que tanto te ama sou teu torcedor...”. O lançamento da Resistência Popular Paranista acontece hoje, às 21 horas, no maior manicômio do país, o Durival de Britto e Silva. A promessa é cantar, cantar e cantar apaixonadamente por nossa existência triunfal. Cabe a nós esperar que nossos governantes da Kennedy honrem seus compromissos e destruam aquela velha ponte preta que é um perigo para a nossa comunidade. Amigo eleitor, que a década de 90 seja acionada e que o Paraná Clube do coração possa cometer a gafe de afirmar com orgulho: “Eu como o Coxa, como os Poodles, como Flamengo que é o seu time, como o Grêmio da sua esposa...” E tantas e tantas comidas gostosas, de quatro, de seis, de cinco, suando e desvendando todo o Kamasutra!



Ao invés de me xingar, concordar ou se conformar balançando a cabeça dizendo “é verdade”, levante-se, bata no peito e seja um ativista Tricolor. Repasse notícias, crônicas e qualquer informação que possa fazer brotar, de luta e união, a Resistência Popular Paranista! Vamos juntos aderir à campanha que pode começar agora. Sigam-me os bons e os maus: twitter.com/markholtz.

Você pode entrar em contato com este cronista via MSN/e-mail: mark.balboa@hotmail.com Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. . Vamos lá nação tricolor, mande suas críticas e sugestões de assuntos a serem “cronicados”!

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