segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Silêncio em vez de explicação


Protagonista nas últimas gestões do Paraná, desde 2004, o vice de finanças Aurival Correia se cala sobre a crise no caixa do clube



A situação caótica em que o Paraná se encontra deve ter uma explicação. Mas a única pessoa que poderia contar em detalhes como o clube, que já foi considerado o mais rico do país, não consegue mais pagar os salários estimados em R$ 1 milhão se nega a falar: Aurival Correia.

Foi na gestão do dirigente que o Tricolor acumulou a maior parte da atual dívida do clube: R$ 27 milhões. Também foi sob o comando de Cor­­reia que o futebol ficou à deriva, tendo até a situação de um treinador mandando em dirigentes: Paulo Co­­melli. E foi sob o seu olhar de vice fi­­nanceiro que o clube viu um presidente ser afastado por suspeitas de irregularidade: José Carlos de Mi­­randa.

Desde 2004, tudo o que acontece no Paraná passa pelo crivo de Au­­rival. Ele comandou as finanças do clube nos quatro anos de mandato de Miranda, o sucedeu na gestão se­­guinte e novamente cuida do parco di­­nheiro do Tricolor. O motivo de tanto tempo de poder mesmo com resultados catastróficos é curioso.

“Porque não tem outra pessoa para conduzir sem ser remunerada, não existem outras pessoas”, disse o atual presidente, Aquilino Romani, por telefone. O ex-vice de Aurival ainda pensou rapidamente para arrumar a declaração. “Não existem outras pessoas e ele é competente”.

Competência que parece exclusiva no trato com o dinheiro, pois, ao se arriscar no futebol, por pouco Correia não extinguiu o departamento no clube.

Quando cuidou dos gastos de Mi­­randa, por exemplo, o Paraná chegou a ter um lucro de R$ 400 mil em 2006 e um déficit de apenas R$ 388 mil no ano seguinte. Mas quando foi ele o encarregado de gastar, o Paraná teve déficit de R$ 11 milhões em dois anos e quase caiu para a Série C.

“Foi o desespero”, justificou o ex-presidente José Carlos de Miranda, que classificou a gestão de Aurival como inexperiente. “O Aurival foi mal assessorado, ou sei lá o que. O Pa­­raná [naquela época] contratou 127 jogadores. Não tem como não arrebentar tudo.”

Nos dois anos em que o atual vice de finanças comandou o clube, mais de 120 jogadores (10 times) vestiram a camisa tricolor. E, mesmo com dois dirigentes para gerenciar o futebol, Márcio Vilela e Paulo Welter, Correia deu plenos poderes para um técnico conduzir as contratações.

Paulo Comelli serve como exemplo dá má administração do futebol paranista e da gastança. O técnico que evitou a queda à Terceirona re­­novou com o clube por cerca de R$ 50 mil. Valor cinco vezes maior do que ganhava Caio Júnior, por exemplo, quando iniciou a campanha que levou o time da Vila, em 2006, à Libertadores. O resultado foi uma inversão de valores: mais gastos com salários e contratações na Se­­gunda Divisão do que na Primeira.

Isso sem falar nas negociações mal, conduzidas de jogadores. Os gastos na formação de atletas foram triplicados na gestão Aurival. A venda de jogadores, contudo, caiu, na média, pela metade.

“E depois ficam falando em diminuição da verba da televisão. Como paranista, não aguento mais ouvir essa desculpa”, afirma Luiz Eduardo Dib, dirigente do Tricolor nos áureos anos 90.

Depois várias tentativas infrutíferas de se contatar Aurival Correia, o dirigente, informado do teor da re­­portagem pela assessoria de imprensa do clube, mandou dizer que não iria se pronunciar.

FOnte: GAzeta do Povo

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